A Língua das Mariposas


      O contexto histórico do filme se passa no começo da guerra civil espanhola, é nesse mundo que o menino Moncho de sete anos está inserido, e depois de ouvir as histórias do irmão, o garoto sente medo de ir a escola, no filme muito bem retratado, percebemos o quanto é grande o desafio do primeiro dia de aula para a criança. O filme mostra a figura de um professor que cativa, ensina, formula questionamentos, promove a pesquisa, não tem fórmulas prontas, responsável, comprometido com a causa, sereno, íntegro, humilde: eis Don Gregório.
     Dom Gregório ensina a seus alunos mais que teorias, ele instiga nas crianças novas concepções de vida, passa os valores e provoca a sensibilidade. Transpassa pela relação professor-aluno o encantamento que tem pela profissão, por aquilo que faz, do fazer por amor. O aluno percebe e isso faz a diferença entre o respeito e o afastamento.
      Outro aspecto do filme e isso podemos ver com muita clareza é a sensibilidade do Professor em saber ouvir os alunos, compreender seus problemas, e ainda assim repassar todos os conhecimentos, levando em consideração que cada aluno é ímpar, que estão na busca do conhecimento. O filme mostra com muito louvor que os alunos não chegam à escola sem saber nada. Don Gregório é cativante, é um educador de emoções, faz com que os alunos entendam que é necessário ler para saber ler, e vai mais além, que ler e pesquisar são fundamentais para o crescimento individual, que todo ser é ser pensante, que não devemos abrir mão dos nossos ideais, que devemos combater a tirania e a corrupção, que os valores devem ser dignificados.
     A Língua das Mariposas destaca que o professor deve sempre buscar o conhecimento, garantir a sua formação continuada, este é o caminho para rever velhas práticas, velhas convicções, velhos aprendizados, isso levará ao aperfeiçoamento dos estudantes, do prazer de aprender a aprender.
A visão de Don Gregório é de um realista quanto ao processo ensino aprendizagem, está sempre inovando, utiliza-se de aulas fora de sala, não tem respostas prontas, e isso faz com que os alunos renovem seus conhecimentos. Quando o menino Moncho ver seu professor sendo levado pelos militares, fica surpreso e ao mesmo tempo indignado, coagido pela mãe e obrigado a insultar os presos, o garoto mostra que aprendeu com o mestre. Compreende-se que nada foi em vão. Que lutar contra um sistema é uma atividade que precisa ser repensada.
    Portanto, devemos ser audaciosos com relação ao nosso projeto de ensinar, que não temos as mesmas dificuldades de Don Gregório, que estamos num sistema democrático, que permite a reflexão da prática, e que devemos estar constantemente confabulando com a práxis, os caminhos são muitos, que nossos alunos estão sempre abertos à aprendizagem, temos sim,  que reaprender a conquistar as borboletas.