A escola de ontem, hoje. E do amanhã?


A escola continua dando passos muito pequenos em relação ao novo milênio, esta acomodação é  letárgica ao contexto educacional atual. Nós professores temos a estranha mania de sempre achar um culpado para justificar as nossas faltas, sabemos que isso faz parte da vida, fomos  doutrinados dessa forma, e sempre nos colocamos acima do bem ou do mal.
Ser Educador exige uma performance de guerrilheiro,  cercar as possibilidades, aprender exaustivamente as estratégias, estudar, usar dinâmicas que surpreenda a clientela a cada aula. O educando não tem mais interesse por aulas expositivas que apresentem conteúdos que  para ele  parece não ter sentido, no mínimo ele precisam saber  onde eles aplicarão o conteúdo aprendido.
Há uns dias ouvi um professor dizer em alto e bom som para a coordenadora pedagógica da escola onde trabalho que “era necessário exterminar os alunos que não querem aprender”. Participei de uma aula inaugural da 2ª e 3ªturma de Computação da Ufra/Parfor em Capanema e ouvi o Pro reitor da Instituição afirmar “que está no lugar errado, o professor que pensa que se faz educação sem problemas” num discurso irônico para justificar a irresponsabilidade da 1ª turma não estudar neste semestre, por falta de estrutura física, fez louvadas referencias as primeiras turmas da UEPA “que estudavam debaixo de mangueiras”. E outras palavras educação se faz de qualquer jeito e quem não pensa assim, muda de profissão ou vai vender farinha na feira.
A revista  Veja – edição 2254 referenda  Salman Khan como o melhor professor do mundo, com direito a capa e tudo mais, interessante que o próprio Khan se sente um intruso ao nosso meio, sem sair de casa ensina mais de 4 milhões de alunos pela internet.  Veio para educação porque descobriu  que ser professor é divertido, além dos constantes  desafios que tem que vencer. Com um método próprio onde elenca a simplicidade, exemplos, concisão, avanço seguro, exercícios, respeito ao ritmo de cada aluno e reconhecimento pelo o esforço.
A escola  deveria ser um porto seguro para o jovem na busca conhecimento, muitos alunos saem do Ensino Médio direto para as Universidades, mas não devemos esquecer, que a maioria desses, vão para a escola em busca da certificação, com o amontoado de greves e de um calendário fictício de reposição, os alunos se ancoram nos cursinhos e com muito esforço a recompensa: aprovação no vestibular.
E a  pergunta inicial me vem como uma martelada como podemos traçar o nosso perfil diante das novidades  do mundo educacional, professor despontando, professor desapontado. O fazer? Diante de tanta tecnologia e convivendo com a geração Z? Temos mais a ensinar ou a aprender? Fechar os olhos e se manter numa postura de radicalismo não adianta mais, a “rapaziada” está nas Redes Sociais. O papel do Educador do Novo Milênio é mais desafiador do que o professor da Escola de Ontem, é hora de aprender, de respeitar, e não deixar a “peteca cair” deixando a televisão com os BBBs fazer o nosso papel que é formar um cidadão consciente  dos seus direitos e deveres. Vejo o nosso jovem aluno chegar à escola sem interesse de estudar. Eles são alunos de hoje dentro de uma escola de ontem.
Portanto, temos que repensar a nossa práxis e adequar o que aprendemos na escola do ontem e aplicar na escola de hoje. Diversos Khans  estão a surgir com o modelo da escola do amanhã. É importante lembrar que a tecnologia chegou para ficar. Não estou dizendo que os livros serão substituídos por computadores, penso que nessa política não tem mais espaço para o professor que resiste às mudanças. Na verdade nós professores deveremos trilhar rumo a capacitação continuada e nos transformar em EDUCADORES. O futuro já começou.
"Eu constato que a escola está péssima, mas eu não constato que a escola esteja desaparecendo e vá desaparecer. Por isso, então, eu apelo para que nós que escapamos da morte da escola e que estamos sobreviventes: modifiquemos a escola. Para mim a questão não é acabar com a escola, mas é mudá-la completamente, é radicalmente fazer com que nasça dela, de um corpo que não mais corresponde à verdade tecnológica do mundo, um novo ser tão atual quanto à tecnologia". Paulo Freire